sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O menino que carregava água na peneira

"Trabalha o Lúdico em sala de aula é carregar água na peneira é  buscar entender o universo de cada criança e perceber que sonhar é possível."
                                                                          
 
Esse poema de Manoel de Barros é encantador e nos  faz refletir a prática docente nos dias atuais. Será que os nossos alunos em sala de aula hoje, também estão carregando água na peneira?

O menino que carregava água na peneira


Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos
                                                                                               Manoel de Barros

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O Lúdico no ensino da matemática nos anos iniciais

                      
                                      
Algumas observações aqui apresentadas fazem parte da Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Montes Claros pela aluna,Tatiele Gomes dos Santos e da
orientadora profª: Marilândia Ferraz Machado.


                                                                        INTRODUÇÃO


" um homem somente brinca quando ele é humano no sentido amplo da palavra, e ele somente é humano no sentido amplo da palavra quando ele brinca"
                                                                                         Friedric Schiller



Brincar não é uma atividade exclusivamente infantil. A alegria da brincadeira é contemplada por “grandes” e “pequenos”. Por esse motivo surgiu a necessidade dos educadores e especialistas da educação propor a utilização dos jogos como recurso pedagógico no ensino da matemática.

A nova proposta apresentada nos Parâmetros Curriculares Nacionais e no Pró - Letramento apresenta sistematicamente a importância dos jogos no ensino da matemática, apresenta os objetivos pedagógicos em cada ciclo escolar, assim como articular os conteúdos matemáticos no contexto atual. O ensino por meios de jogos deve acontecer de forma a proporcionar aos alunos prazer em aprender. Dessa forma, justifica-se o trabalho lúdico e o uso de materiais “concretos” ou “manipulativos” na sala de aula.

É importante que o professor ao trabalhar essa disciplina respeite o tempo e a liberdade dos educandos para que eles possam manipular, planejar, organizar e fazer suas próprias descobertas. O trabalho pode ser feito com as crianças participando em grupos, para valorizar a troca de experiências e melhorar a socialização. Os educandos precisam ser estimulados a participarem das brincadeiras e a partir das trocas de idéias entre eles e o professor, as relações matemáticas começam a ser percebidas e o conhecimento organizado.

O Parâmetro Curricular Nacional de Matemática propõe para os profissionais dessa disciplina uma reflexão sobre as práticas pedagógicas utilizadas na sala de aula. É fundamental discutir as relações entre a criança, o jogo e a educação no processo ensino aprendizagem.

O aprendizado da matemática através da utilização de materiais lúdicos será significativo no momento em que a criança possa construir os conteúdos matemáticos com criatividade e autonomia e o professor adote uma postura crítica, criativa e reflexiva no ensino da matemática nos anos iniciais.

Para tanto é necessário repensar o ensino da matemática nas escolas brasileiras. Criar na sala de aula um clima favorável ao desenvolvimento cognitivo, social e afetivo dos alunos, capacitar os professores que estão no exercício nos anos iniciais do ensino fundamental, oferecer suporte à ação pedagógica, contribuindo para elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem em matemátic
 
 
O LÚDICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS
 
 
1.1. A história da Matemática
           
“A maturidade do homem significa ter adquirido novamente a seriedade que a gente tinha como crianças quando brincávamos.” ( Friedrich Nietzche ).
 
O homem, desde o inicio do seu aparecimento, encontrou envolvido com a matemática e com a escrita numérica, principalmente com o surgimento da agricultura, o pastoreio e o comércio, muitas civilizações criaram seus próprios registros, até que foi desenvolvido na Índia e divulgado pelos Árabes, o sistema numérico usado hoje no mundo todo, pois era preciso maneiras adequadas e universais para representar esse sistema. Devido às necessidades, o homem contava, media, calculava, mesmo sem possuir ainda uma formalização de conceitos matemáticos e numéricos. Agindo e operando sobre o meio em que vivia os homens passaram por várias etapas e dificuldades no desenvolvimento da matemática, e nem sempre essas dificuldades foram contornadas ou solucionadas com eficiência e rapidez. O homem obteve seus primeiros conhecimentos sobre formas de grandezas e fazia sua própria matemática, buscando solucionar e ampliando os conceitos matemáticos em função das diferentes necessidades da sociedade em diferentes épocas.
     Com o passar do tempo à matemática adquire estrutura própria passando a ser uma ciência viva, dinâmica e em constante evolução, permitindo um estudo, analítico e quantitativo, das relações entre o homem e a realidade, de forma participativa e transformadora da sociedade, servindo de instrumento para o conhecimento de diversas áreas.
Baseando nos Parâmetros Curriculares Nacionais, fica evidente a necessidade do homem de utilizar os métodos matemáticos no seu cotidiano.
 
A matemática surgida na antiguidade por necessidades da vida cotidiana, converteu-se em um imenso sistema de variadas e extensas disciplinas, como as demais ciências, reflete as leis sociais e serve de poderoso instrumento para o conhecimento do mundo e domínio da natureza”. (PCN, 2001, p.26).
 
O ensino da matemática conduz o homem a compreender o processo histórico e evolutivo, a construção do conhecimento matemático e o surgimento da escrita numérica, não só contribuiu para uma melhor adaptação do homem na sociedade, mas favoreceu o raciocínio lógico, das capacidades de abstração, generalização, previsão e projeção, aplicando os conceitos matemáticos na resolução de problemas do dia- a- dia e ampliando outras áreas do conhecimento, pois por possuir características próprias à matemática é utilizada em diversas áreas, estudando as relações e metodologias próprias da pesquisa, mediante um processo de conflitos entre o concreto e o abstrato, logo essa ciência matemática faz parte da vida de todas as pessoas desde as experiências mais simples até as mais complexas, garantindo a harmonia entre o desenvolvimento das capacidades intelectuais e do senso comum, pois mesmo pessoas que nunca foram à escola são capazes de desenvolver operações matemáticas em situações da vida cotidiana. 
 
1.2. A Matemática no Brasil
 
1.2.1. A Trajetória das Reformas e do quadro atual do Ensino da Matemática.
 
No Brasil na década de 1960 e 1970 nasceu um movimento educacional em uma política de modernização econômica, com o objetivo de adequar a matemática a uma nova realidade, e melhor situá-la, como prática pedagógica. Houve uma influência de um movimento que ficou conhecido como matemática moderna que para os estudiosos da época essa ciência privilegiava o pensamento científico e tecnológico.
Com o passar do tempo, a matemática passou por uma reforma pedagógica, com o objetivo de aproximar a matemática escolar da matemática pura, com isso surgiram problemas nos currículos matemáticos, pois estava fora do alcance dos alunos, principalmente das séries iniciais do Ensino Fundamental, a preocupação maior do ensino da matemática nesse período, era com abstrações, tais como, decorar formas, resolver diversas operações, o estudo da matemática era voltado para a teoria, esquecendo da prática, ou seja, a relação aluno-professor e o aprendizado.
Em nosso país, o movimento da matemática moderna também teve grande influência vinculada através dos livros didáticos, onde o foco principal do ensino da matemática era a resolução de problemas. Muitas propostas foram elaboradas visando melhorar o ensino dessa disciplina na educação brasileira. Durante o período de 1980/1995. A importância de trabalhar a matemática de forma lúdica, levando os alunos a compreenderem a matemática a partir de suas próprias vivências, deixando de lado a tradicionalismo de outras épocas e levando o aluno a compreendê-la a partir da socialização de experiências reais, com liberdade, criatividade e autoconfiança.
 
1.3. A Matemática hoje: o método de Alfabetização
 
A matemática é uma disciplina com características próprias, e quando se fala em alfabetizar em matemática, é visto de forma estranha, principalmente, quando se trata da educação infantil. Mas a criança desde cedo começa a conviver com os números, apropria - se de formas de leitura do mundo onde inclui a palavra escrita e o desenvolvimento da capacidade simbólica, ao iniciar seu aprendizado com os números, mesmo antes de reconhecer-los as crianças já fazem a contagem, ás vezes, sem uma seqüência correta, ou por simples repetição, mesmo sem a verdadeira noção matemática, as crianças começam a ter noção de tempo e espaço.
O conhecimento matemático inclui-se no conceito de alfabetização, em seu sentido amplo, tornando um questionamento do conceito de conhecimento em construção a partir de uma realidade, ao ponto de repensarmos o papel da educação infantil no sistema educacional da sociedade moderna. A criança nesta fase, constrói conceitos e transforma relações práticas e cotidianas em relações afetivas e de aprendizado, deixando de ser uma simples receptora de informações, atribuindo significados diversos as coisas e fatos através de suas vivências e experiências. “Uma criança de 5 a 7 anos, por exemplo, senta-se para brincar com seus carrinhos. De repente, naturalmente, começa a colocar seus carrinhos em ordem, do menor para o maior...da esquerda para  direita”( RONCA,1991, p.37).
A criança sem perceber faz uma classificação, a partir de objetos concretos é isso que o ensino da matemática deve entender, o nível de compreensão da criança obedece a uma lógica própria a cada etapa de desenvolvimento, baseando-se em Piaget, onde a criança não é vista como um adulto em miniatura, ela pensa diferente do adulto, na sala de aula é preciso que o professor esteja atento à lógica da criança, estabelecendo desafios, sendo mediador entre o conhecimento da criança e o conhecimento científico.
Piaget em suas teorias sobre o nascimento da inteligência e o desenvolvimento mental, passa a ver a criança como um ser capaz de determinar seu próprio caminho, e a realidade do mundo em que vive, ressalta ainda que todas as crianças de culturas diferentes, atravessam as mesmas seqüências de estágios, há diferenças apenas  na aquisição de conceitos específicos, quando a criança age no meio, movimenta-se no espaço, manipulando objetos, observando com os olhos e os ouvidos ou pensado a criança assimila seu desenvolvimento através das ações sejam elas físicas ou mentais, construindo assim esquemas ou conhecimento que são caracterizados em: conhecimento físico, conhecimento lógico matemático e o conhecimento social. Cada conhecimento é construído a partir de ações, como apalpar, pegar, quebrar, dobrar, deixar cair, apertar, esticar, sacudir, entre outros são tipos de dissociar os objetos, a criança constrói os esquemas interagindo com o meio, o mesmo acontece no conhecimento lógico matemático, estruturado na abstração reflexiva que tem origem na coordenação das ações que a criança exerce sobre os objetos.  Nessa fase já é comum a comparação dos objetos, sua diferença de tamanho, cor, seqüência, que para Piaget, é apenas uma distinção entre o conhecimento físico e o conhecimento lógico matemático, cabendo ao professor reconhecer a importância do papel dessas ações na construção da inteligência, e do conhecimento infantil, que também é influenciado pelo conhecimento social construído a partir da interação com outras pessoas, o conhecimento exato só pode ser construído com base nas experiências com objetos significativos, também conhecidos como lúdicos.
 
“Um conjunto de pesquisas voltadas mais para a sua inteligência prática e para operações concertas, por meio das quais ela vai elaborar suas classificações, noções de número e de espaço, de ordem e quantidade, de movimento, de tempo e velocidade, permitiu evidências considerados logicamente necessários a partir de um determinado nível mental, são estranhos às estruturas intelectuais anteriores.” (RONCA,1991, p.40)
 
A inteligência da criança apresenta uma notável continuidade com processos  adquiridos, através de associações, reflexos e o desenvolvimento da capacidade simbólica. A criança começa a usar símbolos mentais, imagens ou palavras manipulando assim a realidade e a capacidade de criar e combinar representações.
A valorização desses conceitos dentro da sala de aula é de fundamental importância na relação do individuo com o meio em que vive, é comum alguns professores não valorizarem o conhecimento que o aluno traz de casa, crianças que manipulam bem os números em experiências diárias, vendendo balas, picolés, e outros produtos, acostumados a calcular e a fazer contas com agilidade, esquecem suas experiências no momento de fazer exercícios mecânicos.
     O adulto, às vezes, esquece que a matemática, como linguagem, é uma construção humana antiga e que o ambiente propício para a criança aprender essa matéria deve ser estimulador, com objetos manipuláveis, que chame a atenção da criança, e que possa ser construídos por elas mesmas, artesanalmente ou de produtos recicláveis e que utilize jogos dentro da sala de aula em grupos, contribuindo para um melhor aprendizado.
 
1.4. Os Jogos Tradicionais e a Infância
Para que possamos entender melhor a noção dos jogos tradicionais infantis devemos situá-lo no contexto cultural, sendo preciso fazer uma trajetória na história da infância das crianças brasileiras e entendermos as influências que as diferentes épocas e culturas tiveram em nossa sociedade, como a Portuguesa, que através das lendas das cucas, bichos-papões e bruxas, contadas pelas avós portuguesas aos seus netos e pelas negras, conhecidas com Amas de sinhozinhos, fazem parte da infância brasileira e penetram em seus jogos, assim como grande parte dos jogos tradicionais popularizados no mundo inteiro, como o jogo de saquinhos, amarelinha, bolas de gude, jogo de botão, pião e outros que chegaram ao Brasil por intermédio dos portugueses.
Os jogos tradicionais infantis são formas especiais da cultura folclórica é a produção espiritual do povo acumulada através de longo período de tempo e foi introduzido como forma de brincadeira através de cantigas de roda, das brincadeiras dos filhos de operários, dos senhores de engenho e dos índios, trata-se de uma questão social, quando o jogo relaciona o ato de brincar com a classe social, quem brinca é a criança rica, o menino filho de escravo, era colocado a disposição do menino de engenho ou sinhorzinho, participando apenas, como companheiros das brincadeiras, o menino branco ou sinhorzinho reproduzia a relação do sistema de escravidão, usando o menino pobre como escravo, sendo utilizados como cavalos, o leva pancadas, o criado, o amigo, se tornavam o próprio  brinquedo dos meninos de engenho, pois para esses meninos o melhor brinquedo era montar a cavalo, e serem livres como as crianças filhas de escravos.
 
O melhor brinquedo do menino de engenho era montar a cavalo em carneiros mas, na falta destes, eles usavam os próprios moleques. Nas brincadeiras, muitas vezes violentas, os moleques viravam bois de carro, cavalos de montaria, burros de leiteiras, enfim, os meios de transporte da época. (KISHIMOTO, 1993, p.33).
 
Os meninos de engenho viviam soltos, em companhia dos moleques, fazendo as travessuras próprias da idade, montando em cavalos, nadando nos rios, nas represas, comendo frutas e matando passarinhos, até chegar o momento de introduzir um regime educativo, onde com aproximadamente, aos sete anos os meninos já sofriam a pressão de transformar-se rapidamente em um homem, eliminando a infância das famílias patriarcais. Vestidas de adultas e obrigadas a se comportarem como tais, tornavam-se crianças tristes com maturidade precoce, os jogos tradicionais infantis como pião e jogos de bola passam a ser atribuídos a pessoas ignorantes e grosseiras. As famílias brasileiras dos tempos de engenho tentam assemelhar ao estilo europeu e com a idéia de endireitar as crianças que eram criadas soltas, e com a tentativa de discipliná-las são colocadas na rigidez dos internatos, destruindo muito cedo a expressão lúdica da criança.
Daí surge o interesse em analisar as origens étnicas das brincadeiras infantis e compreender o significado dos jogos tradicionais nesse contexto que envolve brancos, negros e índios, principalmente no período do engenho de açúcar e nas regiões habitadas por escravos, sendo que as brincadeiras de tribos indígenas diferenciam das outras culturas. Eles, já treinados para imitar seus pais em suas atividades, e o que é visto com brincadeira em outras culturas, para o índio pode ser visto como meio de sobrevivência. A caça que para os meninos de engenho não passa de diversão, para os índios é uma obrigação que eles aprendem ainda crianças, atividades como manusear bem os objetos de sua tribo são ensinados desde muito cedo pelo pai e pelo avô que confeccionam os objetos que serão utilizados pelas crianças indígenas, que eram livres, não eram castigadas e nem reprimidas, seus encantos e descobertas transformavam em traquinagens infantis, onde meninos e meninas participam das atividades da tribo, aprendendo seus costumes desde pequenos com o objetivo de ajudar nas tarefas diárias.
 
“As meninas mal falavam e já fiavam o algodão, o tucum, descascavam a mandioca, o aipim, o cará, cozinhava, ajudava na roça, trazendo sua carguinha, levava o barro para a mamãe oleira. Os Meninos já recebiam seus arcos e flechas, as mesmas ferramentas dos adultos, apenas em tamanho menor, e, desde pequenos, treinavam em atividades varonis, de caça e pesca. (KISHIMOTO,1993, p. 62).
 
 
A compreensão das brincadeiras depende do modo de vida de cada agrupamento, o ser humano faz, refaz, inova, recupera, retoma o antigo e a tradição, incorpora o velho no novo e transformam um com o poder do outro, fazendo dos jogos infantis parte do patrimônio lúdico-cultural infantil, traduzindo valores, costumes, formas de pensamento e ensinamentos, este fundamental a vida e história de cada ser humano.
 
1.5. A importância dos jogos na aprendizagem matemática das crianças no ensino fundamental.
As relações entre o jogo, a criança e educação tem merecido uma constante atenção dos profissionais da área, a partir do momento que analisamos a criança como um ser que brinca, vivenciando situações ricas e desafiadoras, encontrando espaços para explorar e descobrir elementos da realidade que o cercam. A utilização dos jogos como recursos pedagógicos tem sido um desafio, pois iniciou nos jardins de infância, segundo a pedagogia de Froebel, a idéia de jogo livre, nas brincadeiras cantadas e no jogo orientado. Aos poucos os jogos foram sendo introduzidos no interior das instituições infantis, embora muitas vezes criticados e classificados como jogos femininos, aqueles relacionados à imitação de mãe e filha, de casinha e fazer comida, etc. Nesses jogos tinha a ausência total do sexo masculino, que brincavam com carros, trens e automóveis, que não tinham a participação do sexo feminino mesmo quando se tratava de atividades com jogos motores como jogar bola e brincar na rua, essa discriminação em relação aos comportamentos considerados adequados para o sexo incluía uma diferenciação nos modos de brincar, levando a um questionamento freqüente até nos dias atuais a respeito da utilização desses recursos no cotidiano escolar.
A introdução dos jogos na escola foi um processo demorado, visto que o brincar não era entendido como forma de conhecimento, confirma KISHIMOTO, quando afirma que “ a introdução dos jogos na escola primária não é bem vista” (p.106). Alguns profissionais de educação da época defendiam a idéia de que os pais não mandavam as crianças para a escola para brincar e sim para aprender a ler, escrever, aprender os números, enfim, o jogo não era visto como um instrumento de trabalho. Devido a esses pensamentos, a noção de jogo aplicado à educação desenvolveu e penetrou muito tarde no âmbito escolar, e ainda é comum nos dias atuais, muitos professores utilizarem os jogos apenas como lazer, depois que terminam os chamados “trabalhos de aula”, esquecendo o foco educativo e pedagógico proporcionado pelas atividades onde o jogo pode estimular o desenvolvimento integral da criança e trabalhar conteúdos curriculares.
 
Na escola “não dá tempo para brincar”, justificam os educadores. Por quê? Há evidentemente um programa de ensino a ser cumprido e, objetivos a serem atingidos, para cada faixa etária. Com isso, o jogo fica relegado ao pátio destinado a preencher intervalos de tempo entre aulas. Entretanto, o jogo pode e deve fazer parte das atividades e curriculares, sobretudo nos níveis pré-escolar e de 1º grau, e ter um tempo preestabelecido durante o planejamento, na sala de aula”. (FRIEDMANN, 1996, p.15).
 
 
Novas teorias educacionais foram surgindo, baseadas nos estudos de Piaget, Vigostsky, Montessori e outros que defendem a idéia de que a criança realmente aprende brincando, principalmente as disciplinas onde as crianças podem utilizar materiais manipulativos, como a matemática, que oferece diferentes maneiras do professor trabalhar os conteúdos curriculares por meios dos jogos, definindo as habilidades presentes nas brincadeiras. É importante planejarem antes para que o jogo não seja aplicado sem nenhum fundamento, fazendo com que a criança realmente aprenda e possibilitando o desenvolvimento do raciocínio lógico, da criatividade e da capacidade de resolver problemas, contribuindo assim para as crianças adquirirem autoconfiança.
 
Prazer e alegria não se dissociam jamais o “brincar” é incontestavelmente uma fonte desses dois elementos. O jogo, o brinquedo e a brincadeira sempre estiveram presentes na vida do homem, dos mais remotos tempos até os dias de hoje, nas mais variadas manifestações ( bíblicas, filosóficas, educacionais).O jogo pressupõe uma regra, o brinquedo e o objeto manipulável, brincadeira, nada mais é que o ato de brincar com o brinquedo ou mesmo com o jogo. Jogar também é brincar com o jogo.O jogo pode existir por meio do brinquedo, se os brincantes lhe impuserem regras. Percebe-se,  pois, que jogo, brinquedo  e brincadeira tem conceitos distintos , todavia imbricados; é o lúdico abarca todos eles.” (MIRANDA, 2001,p.13)
 
 
Quando as crianças aprendem através de atividades lúdicas, elas produzem conhecimentos, nas experiências que são capazes de proporcionar o envolvimento do individuo que brinca, demonstrando prazer em aprender, agir, e enfrentar os desafios com segurança e confiança, conciliando assim a alegria da brincadeira com a aprendizagem escolar. Por isso, é de fundamental importância que o professor utilize os jogos na sala de aula, estimulando os alunos para o desenvolvimento dos conteúdos trabalhados nos currículos escolares, especialmente em matemática já que nesta disciplina são notáveis os momentos de dificuldades, obstáculos e erros, onde exige do aluno motivação, disciplina e vontade de aprender, não desistindo e sim persistindo e encarando suas dificuldades.
 As aulas de matemática devem ser estimuladoras e preparar o aluno para enfrentar situações que a sociedade exige, só a resolução de problemas já não é mais suficiente nesse novo modelo de educação que envolve prática e teoria no contexto de aprendizagem, e é isso que os jogos utilizados na sala de aula devem proporcionar a criança, desafiá-la para que ela própria  encontre os meios de resolver a situação proposta, onde ganhar ou perder é apenas mais uma fase do amadurecimento.
É inevitável não associar o jogo com a competividade. É preciso saber o momento certo, valorizar as relações, acentuar a colaboração entre os participantes do grupo, cabe ao professor mediar essa interação minimizando o caráter competitivo, mas não impedir que a criança se esforce para ganhar. Com o tempo e com a utilização freqüente dos jogos as emoções irão se equilibrando, transformando a derrota em algo provisório, um dia ganha, no outro perde. Nessa perspectiva, as habilidades vão sendo descobertas. Os alunos podem se destacar em jogos diferentes, em um jogo alguns conseguem se sair bem em outros não, e com o tempo a vitória passa a ser partilhada. A partir dessa concepção o jogo é ferramenta fundamental na metodologia do ensino da matemática quando trabalhado de forma lúdica.
O jogo não é somente um divertimento ou uma recreação. Não é necessário provar que os jogos em grupo, é uma atividade natural e que satisfazem á atividade humana; o que é necessário é justificar seu uso dentro da sala de aula. As crianças muitas vezes aprendem mais por meio dos jogos em grupo do que de lições e exercícios”. (FRIEDMANN,1996, p.35).
 
Os jogos constituem um conteúdo natural onde às crianças são motivadas a cooperar para elaborar as regras, e a partir dessas regras criarem situações novas e a agir de forma independente.
A atividade lúdica é, essencialmente, um grande laboratório em que ocorrem experiências inteligentes e reflexivas e essas experiências produzem conhecimento, os jogos são instrumentos para exercitar e estimular o agir - pensar com lógica e critério com as experiências positivas as criança percebem que aprender é uma atividade interessante e desafiadora.
A participação em jogos de grupos permite conquista cognitiva, emocional, moral e social da criança, uma vez que a permite agir como produtoras do seu próprio conhecimento, tomando decisões e resolvendo problemas, o que consiste um estímulo para o desenvolvimento da competência matemática e dos princípios éticos, partindo do princípio das crianças serem cidadãs, detentoras de direitos e que constantemente agem no meio social em que estão inseridas. É preciso levar em consideração que elas pertencem a uma classe social e são parte de um grupo, e suas brincadeiras, costumes, valores e hábitos nos sensibilizam para a necessidade de lhes garantir o direito às condições dignas de vida, à brincadeira, ao conhecimento, ao afeto e as interações saudáveis.
 
No jogo, a criança pode experimentar tanto nas convenções estipuladas pela sociedade como as variações dessas convenções. Assim, durante o jogo a criança pode escolher entre aceitar ou discordar de certas convenções, promovendo seu desenvolvimento social. O jogo oferece, muitas vezes, a possibilidade de aprender sobre solução de conflitos, negociação, lealdade e estratégias, tanto de cooperação como de competição social. (FRIEDMANN,1996, p.65)
 
 
Portanto, os adultos e os profissionais da educação devem restabelecer com as crianças esses laços de caráter afetivo, ético, social e político, considerando que a criança precisa de cuidado, da atenção, do acolhimento, da alegria e da brincadeira, entender que está trabalhando com crianças, e não simplesmente com estudantes, por isso a importância de valorizar o lúdico nos processos de aprendizagem, como uma necessidade de favorecer a criança mais que uma escola, uma vida digna, prazerosa e cheia de descobertas. “A Autonomia como finalidade da educação é, num certo sentido, uma nova idéia que revolucionará a educação”. (KAMII, 1990, p.124).
Dessa maneira, a utilização de jogos como meio educacional é um avanço para a educação moderna, proporcionando às crianças, autonomia e desenvolvimento da aprendizagem a partir de “vivências lúdicas”.
O LÚDICO NA SALA DE AULA
 

2.1. A Atividade lúdica na sala de aula: jogos

 
O sistema educacional busca cada vez mais métodos eficientes para trabalhar em sala de aula e garantir a aprendizagem dos alunos, na disciplina matemática não é diferente. A partir disso, supõe-se que trabalhar o lúdico no ensino da matemática nos anos iniciais do ensino fundamental é uma estratégia que pode trazer bons resultados, pois respeita as diferenças de ritmo de cada aluno.

Neste capítulo, será feito um estudo detalhado sobre a importância do método lúdico no processo ensino-aprendizagem da matemática no 1° ano do ensino fundamental, procurando conhecer a realidade educativa que a mesma está inserida.

No Brasil, a inserção dos jogos na sala de aula aconteceu lentamente, passando a ser questionada através dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática (PCN´s, 1998), explica ainda que os jogos:

 
Constituem uma forma interessante de propor  problemas , pois permite que estes estejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade  na elaboração de estratégias  de resolução de problemas e busca de soluções. Propiciam a simulação de situações problema que exigem soluções imediatas, o que estimula o planejamento das ações”. (PCN, 1998, p.46).


É importante ressaltar que apesar dos PCN´s orientarem para a utilização dos jogos no ensino da matemática, não orientam em relação de como eles devem ser trabalhados  “jogar por jogar” como estratégia de preencher o tempo não trará nenhuma vantagem ao aluno. Os jogos no ensino da matemática têm suas vantagens se o professor tiver objetivos claros e planejar sua atividade antes de levar para sala de aula, a atividade lúdica deve propiciar o “aprender brincando”, conciliando a alegria da brincadeira com o processo ensino - aprendizagem e enriquecendo as relações entre, os jogos, a criança e a educação.
     

2.2. O Campo de Pesquisa

A pesquisa foi realizada no 1° Ano do Ensino Fundamental na Escola Municipal “X” de Almenara. A Escola atende alunos do 1° ao 2° ano, nos turnos, vespertino e matutino, com aproximadamente 376 alunos, sendo que o 1° está distribuído em 8 turmas: 04 no matutino e 04 no vespertino. A instituição possui um espaço físico adequado para o ensino, com saneamento básico, iluminação, biblioteca, etc. e dispõe de 09 salas de aulas, 04 banheiros, 01 sala de secretaria e direção, 01 sala de supervisão que também funciona para o atendimento aos pais, quando necessário.

A escolha dessa escola teve como objetivo apresentar as múltiplas relações entre a atividade lúdica no ensino da matemática nos anos iniciais do ensino fundamental, considerando a criança como um ser que brinca e demonstra prazer em aprender e enfrentar desafios.

Em estágios e observações, nesta instituição, verificou-se que a utilização de materiais lúdicos no ensino da matemática, ainda é pouco utilizada pelos professores. Muitas escolas enfrentam estes mesmos problemas, e questionam a falta destes materiais.


2.3. Coleta e Amostra de Dados


     A pesquisa contou com a colaboração de 16 alunos e 06 professoras do 1° ano do ensino fundamental, 02 Supervisoras que trabalham diretamente com o 1° e o 2° ano do ensino fundamental da escola pesquisada.

Trabalhar o lúdico no ensino da matemática constitui-se uma abordagem significativa, principalmente nos anos iniciais do ensino fundamental, nesse período as crianças vivenciam situações ricas e desafiadoras desenvolvendo habilidades cognitivas, emocionais e sociais.

A discussão sobre a importância dos jogos no ensino da matemática é debatida nos dias atuais, questionando o fato da criança realmente aprender matemática brincando, isso com a intervenção do professor, para que o jogo não se torne um mero lazer ou passatempo, mas que propicie a compreensão de fatos e conceitos matemáticos.

 
O jogo é muito importante no desenvolvimento da criança porque a liberta de situações difíceis. No jogo, as coisas não são o que aparentam ser e, em situações imaginárias, a criança começa a agir independentemente do que ela vê e começa a ser orientada pelo significado da situação. (FRIEDMANN,1996,p.36)

 

Foram utilizados três questionários para a coleta de dados, sendo um para as professoras com 10 questões, um para as supervisoras contendo 07 questões e um para os alunos com 04 questões simples, pelo fato de serem alunos do 1º ano do ensino fundamental.

O resultado do estudo realizado com os professores foi o seguinte, veja o gráfico:


(Gráfico 01-Questão 01)

 

A maioria dos professores afirmaram  que a escola “X” trabalha com materiais lúdicos, no entanto não é isso que se pode constatar no decorrer da pesquisa.

 

 


(Gráfico 02 – Questão  02)

                       

Observa-se que, quando questionados se há materiais lúdicos suficientes para trabalhar com os alunos nas aulas de matemática, 33% dos professores falaram que “sim”, o que coincide com os 33 % que disseram “não”. È importante deixar claro que quando se fala de material lúdico, não se trata de qualquer material, e sim de materiais que podem ser confeccionados pelos próprios alunos, com produtos recicláveis ou sucatas, constituindo brinquedos construídos, ou brinquedos comprados, estes objetos compõem o cenário de ludicidade em sala de aula.

           


(Gráfico 03 – Questão 03)

 

     Os professores quando questionados a respeito da freqüência que eles utilizam materiais lúdicos em sala de aula, 70 % afirmaram que semanalmente, o que não é verdade, pois foi possível comprovar durante o estágio, que a matemática ainda é trabalhada de forma tradicional.


(Gráfico 04 – Questão 09)

 

Os jogos são elementos fundamentais no ensino da matemática, permitindo a criança vivenciar experiências de investigação e obstáculos. Nesse caso, o professor deverá utilizar o jogo de maneira adequada para que o aluno elabore estratégias capazes de resolver situações-problemas no seu cotidiano, sendo no ambiente escolar ou não.

Quando os professores foram questionados a respeito da contribuição dos jogos no desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social dos alunos, 85% acreditam que é possível à criança desenvolver novos conhecimentos e em diversas áreas.  No livro, Brincar: Crescer e Aprender, a contribuição do jogo nas diversas áreas do conhecimento é comprovada. “O desenvolvimento dos conhecimentos é um processo espontâneo de interação entre o sujeito e objeto.” (FRIEDMANN,1996, p.58).

 


(Gráfico 05 – Questão 10)

 

Os professores ao serem questionados quanto ao planejamento das atividades lúdicas, disseram ser importante, o tempo, o espaço de brincar e as ações físicas e mentais dos alunos. 70% confirmaram sim, o que não é verdade, isso acontece apenas nas aulas de educação física.

As supervisoras pedagógicas também foram entrevistadas, fornecendo dados fundamentais para a pesquisa, veja:

 

 

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(Gráfico 06 – Questão 01)

 

As supervisoras responderam que trabalham em parceria com a equipe de professores, suas atividades e reuniões são planejadas, coletivamente. Quando questionadas a respeito da freqüência que elas desenvolvem oficinas matemáticas com os professores do 1° ano do ensino fundamental, houve divergência na prática, porém o que se vê no gráfico é um percentual diferente.

Quando questionadas da importância de se trabalhar a matemática através de materiais lúdicos com a utilização de jogos as respostas foram às mesmas. Ambas acham que é possível trabalhar conteúdos curriculares matemáticos a partir de materiais lúdicos.

     Para finalizar, houve a entrevista com 16 alunos, do 1° ano do ensino fundamental, escolhidos aleatoriamente, tratou-se de uma entrevista individual, fora da sala de aula, as perguntas eram lidas e explicadas visando um melhor entendimento por parte dos alunos.

     Os alunos ao serem questionados a respeito da utilização de jogos na sala de aula, contradizem as respostas obtidas no gráfico 01, que 85% das professoras disseram que trabalhavam a matemática de forma lúdica.

 


(Gráfico 07 – Questão 01)

 

Dos alunos entrevistados 70% disseram que as professoras não utilizam jogos na sala de aula.

               


(Gráfico 08 – Questão  02)

 

Ao analisar as respostas dos alunos percebe-se também que eles não estão acostumados com os jogos na sala de aula, pois ao serem questionados se as aulas ficam mais interessantes quando há a utilização de jogos, 65% dos alunos disseram que não, ficando claro que eles não estão acostumados com este tipo de aula, uma vez que toda criança gosta de brincar.

Outro questionamento importante é que, embora os alunos conheçam certos tipos de jogos, isso não quer dizer que eles aprenderam na escola, muitos respondiam as perguntas com relação aos jogos que eles utilizavam em casa, mas quando era explicado que só era válido os jogos utilizados na sala de aula, as respostas tiveram uma porcentagem pequena, somente 35% dos alunos responderam que o quebra cabeça era o mais utilizado na sala de aula.

Todos esses jogos estão relacionados ao ensino da matemática e podem ser trabalhados corretamente dentro da sala de aula, permitir conquista cognitiva, emocional, moral e social para a criança, uma vez que poderão agir como produtoras de seu próprio conhecimento.

Tabela referente aos jogos utilizados dentro da sala de aula:

Quais os tipos de jogos são mais utilizados na sala de aula?
Quantidade de respostas dos alunos
Quebra cabeça
35% alunos
Amarelinha
25% alunos
Dominó
10%  alunos
 Bingo
5%  alunos
 Tabuleiro
10% alunos
Baralho
20%  alunos
Pega Varetas
20%  alunos
Jogo da memória
25% alunos
Jogo das pedrinhas (saquinhos)
5% alunos
Tangran
0%  alunos
Nenhum
5% alunos
Outros
5%  alunos “jogo da velha”

(Tabela 01 – Questão 03)

            Kamii aborda situações na escola que podem ser usadas pelos professores para “ensinar” os números utilizando alguns jogos citados na tabela 01. Ao falar dos jogos de Baralho ela afirma: “existem tantos jogos de baralho excelentes para o desenvolvimento do pensamento lógico matemático e numérico que devo ser seletiva e oferecer apenas três exemplos: “jogo da memória”, “batalha” e “cincos”.”(KAMII, 1990, p.90). Esses jogos são ideais para trabalhar com os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental pela fácil adaptação com a idade e com o nível de conhecimento de cada criança.

           


( Gráfico 09- Questão 5 )

 

Percebe-se que 75% dos alunos dos anos iniciais gostam das aulas de matemática, e 25% disseram não gostar, um número grande de discordância, se tratando de alunos que estão iniciando sua trajetória escolar, como confirma o Pró Letramento de Matemática:

As experiências iniciais são muito importantes neste longo processo, e cabe à escola ajudar na construção do pensamento matemático da criança. Sua sala de aula deve ser um lugar especial, que dá boas – vindas à matemática da criança, enriquecendo e sistematizando as experiências vividas dentro e fora desse espaço.” (PRÓ LETRAMENTO, 2007, p. 7).

 

Situação parecida acontece quando questionado a respeito das dificuldades em aprender matemática, 65% respondeu que não tem dificuldades em aprender matemática, 35% tem dificuldades, um número significativo e que precisa ser analisado. Para que os alunos consigam alcançar as competências básicas indispensáveis nos anos iniciais do ensino fundamental em Matemática é necessário que o professor valorize a autonomia das crianças e os conhecimentos adquiridos fora e dentro da sala de aula “ao enfocar a autonomia da criança, podemos animar o desenvolvimento das crianças com velhos valores, tais como, o amor pelo estudo e auto-disciplina”. (KAMII, 1990, p.124).

 


(Gráfico 10 – Questão 06)

 

Nessa perspectiva a pesquisa foi organizada em três vertentes:

I. A metodologia utilizada em sala de aula – professor: mostrando como é feito o planejamento das aulas, com que freqüência o lúdico é utilizado.

II. A articulação do processo lúdico em sala de aula – supervisor pedagógico: o que a escola proporciona para capacitar os professores nesse novo modelo de ensinar matemática.

III. A utilização de jogos em sala de aula – alunos: o que pensa os alunos, como posiciona, que idéias eles têm sobre o lúdico em sala de aula, ele conhece o assunto?

Ao identificar estas vertentes, foi possível traçar o perfil da escola, que de maneira tímida, está caminhando para um trabalho voltado para as novas propostas do ensino da matemática nos anos iniciais. A introdução de jogos no 1° ano do ensino fundamental é uma ferramenta essencial, os jogos têm a função de não somente brincar, mas extrair das atividades subsídios necessários para garantir a construção de novos saberes matemáticos, estes tão importantes quanto saber ler ou escrever. É proporcionar aos alunos um novo jeito de ensinar e aprender. É gerir conhecimento e motivação no ambiente de sala de aula, é apresentar o lúdico como um processo didático-metodológico necessário ao ensino da matemática.
 
                            CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Entender como acontece o processo ensino aprendizagem da matemática nos anos iniciais do ensino fundamental é um desafio que envolve professores, diretores, comunidade escolar e os profissionais de educação que buscam melhores condições para trabalhar essa disciplina na sala de aula. Assim, uma das funções do educador, hoje, é cuidar para que a aprendizagem seja uma conquista prazerosa. E, como ferramenta indispensável, pode utilizar o lúdico nas mais diferentes situações no contexto da sala de aula.

Este trabalho possibilitou-nos perceber que a atividade lúdica no ensino da matemática nos anos iniciais do ensino fundamental será enriquecedora a partir das relações entre o professor/aluno e a aprendizagem escolar. O aluno, como sujeito principal do processo educacional deve adquirir habilidades necessárias para alcançar objetivos significantes no aprendizado dos conteúdos curriculares. Ao professor desafiar e mudar o seu papel de apenas ser um comunicador do conhecimento para o de observador, organizador, incentivador e mediador da aprendizagem, através de uma aula criativa utilizando materiais lúdicos que favoreçam as crianças vencer os obstáculos e o medo de aprender matemática.

Nesse processo é fundamental repensar o papel do pedagogo nas escolas e na sociedade em que vivemos. A ação deste profissional no ambiente escolar possibilita uma reflexão no processo educacional de maneira democrática e participativa.

Pesquisar a utilização do jogo como meio educacional, possibilitou o envolvimento com atividades diretamente relacionadas à prática docente, o que propiciou um contato direto com os professores, alunos e profissionais da educação que analisa o jogo como uma possibilidade de transformação e construção de novos saberes.

É importante que os pedagogos na sua função reflitam a importância de se trabalhar com materiais lúdicos no ensino da matemática nos anos iniciais como também a utilização de jogos na aprendizagem da matemática, considerando o fato de que a criança realmente aprende os conteúdos curriculares matemáticos brincando.

Resgatar o jogo no contexto educacional tornou-se objeto de pesquisa para sociólogos, psicólogos e educadores, que quiserem entender a importância das brincadeiras em nossas vidas.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
 

BRASIL, Pró-Letramento: Matemática. Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC/SEF, 2007.

 
CARVALHO, Dione Lucchesi de. Metodologia do Ensino da Matemática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994.


FRAGA, Maria Lucia. A matemática na escola primária: uma observação do cotidiano. São Paulo: Epu, 1988.


FRIEDMANN, Adriana. Brincar: Crescer e aprender: O resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996.


KAMIL, Constance. A criança e o número. 29ª. ed. Campinas, SP: Papirus ,2002.


KISMHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogos Infantis: O jogo, a criança e a educação. 8ª Petrópolis: Vozes, 1993.


MIRANDA, Simão de. Do fascínio do jogo á alegria do aprender nas séries iniciais. São Paulo: Papirus, 2001.

 
RONCA, Paulo Afonso Caruso; TERZI, Cleide do Amaral. A prova operatória: Contribuições da psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Edesplan, 1991.