Algumas observações aqui apresentadas fazem parte da Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Montes Claros pela aluna,Tatiele Gomes dos Santos e da
orientadora profª: Marilândia Ferraz Machado.
INTRODUÇÃO
" um homem somente brinca quando ele é humano no sentido amplo da palavra, e ele somente é humano no sentido amplo da palavra quando ele brinca"
Friedric Schiller
Brincar não é uma atividade exclusivamente infantil. A alegria da
brincadeira é contemplada por “grandes” e “pequenos”. Por esse motivo surgiu a
necessidade dos educadores e especialistas da educação propor a utilização dos
jogos como recurso pedagógico no ensino da matemática.
A nova proposta apresentada nos Parâmetros Curriculares Nacionais e no
Pró - Letramento apresenta sistematicamente a importância dos jogos no ensino
da matemática, apresenta os objetivos pedagógicos em cada ciclo escolar, assim
como articular os conteúdos matemáticos no contexto atual. O ensino por meios
de jogos deve acontecer de forma a proporcionar aos alunos prazer em aprender. Dessa
forma, justifica-se o trabalho lúdico e o uso de materiais “concretos” ou
“manipulativos” na sala de aula.
É importante que o professor ao trabalhar essa disciplina respeite o
tempo e a liberdade dos educandos para que eles possam manipular, planejar,
organizar e fazer suas próprias descobertas. O trabalho pode ser feito com as
crianças participando em grupos, para valorizar a troca de experiências e
melhorar a socialização. Os educandos precisam ser estimulados a participarem
das brincadeiras e a partir das trocas de idéias entre eles e o professor, as
relações matemáticas começam a ser percebidas e o conhecimento organizado.
O Parâmetro Curricular Nacional de Matemática propõe para os
profissionais dessa disciplina uma reflexão sobre as práticas pedagógicas
utilizadas na sala de aula. É fundamental discutir as relações entre a criança,
o jogo e a educação no processo ensino aprendizagem.
O aprendizado da matemática através da utilização de materiais lúdicos
será significativo no momento em que a criança possa construir os conteúdos
matemáticos com criatividade e autonomia e o professor adote uma postura
crítica, criativa e reflexiva no ensino da matemática nos anos iniciais.
Para tanto é necessário repensar o ensino da matemática nas escolas
brasileiras. Criar na sala de aula um clima favorável ao desenvolvimento
cognitivo, social e afetivo dos alunos, capacitar os professores que estão no
exercício nos anos iniciais do ensino fundamental, oferecer suporte à ação
pedagógica, contribuindo para elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem em
matemátic
O LÚDICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS
1.1. A história da Matemática
“A maturidade do homem
significa ter adquirido novamente a seriedade que a gente tinha como crianças
quando brincávamos.” ( Friedrich Nietzche ).
O homem, desde o inicio do seu aparecimento, encontrou envolvido com a
matemática e com a escrita numérica, principalmente com o surgimento da
agricultura, o pastoreio e o comércio, muitas civilizações criaram seus
próprios registros, até que foi desenvolvido na Índia e divulgado pelos Árabes,
o sistema numérico usado hoje no mundo todo, pois era preciso maneiras
adequadas e universais para representar esse sistema. Devido às necessidades, o
homem contava, media, calculava, mesmo sem possuir ainda uma formalização de
conceitos matemáticos e numéricos. Agindo e operando sobre o meio em que vivia
os homens passaram por várias etapas e dificuldades no desenvolvimento da
matemática, e nem sempre essas dificuldades foram contornadas ou solucionadas
com eficiência e rapidez. O homem obteve seus primeiros conhecimentos sobre
formas de grandezas e fazia sua própria matemática, buscando solucionar e
ampliando os conceitos matemáticos em função das diferentes necessidades da
sociedade em diferentes épocas.
Com o passar do tempo à
matemática adquire estrutura própria passando a ser uma ciência viva, dinâmica
e em constante evolução, permitindo um estudo, analítico e quantitativo, das
relações entre o homem e a realidade, de forma participativa e transformadora
da sociedade, servindo de instrumento para o conhecimento de diversas áreas.
Baseando nos Parâmetros Curriculares Nacionais, fica evidente a
necessidade do homem de utilizar os métodos matemáticos no seu cotidiano.
“A matemática surgida
na antiguidade por necessidades da vida cotidiana, converteu-se em um imenso
sistema de variadas e extensas disciplinas, como as demais ciências, reflete as
leis sociais e serve de poderoso instrumento para o conhecimento do mundo e
domínio da natureza”. (PCN, 2001, p.26).
O ensino da matemática conduz o homem a compreender o processo histórico
e evolutivo, a construção do conhecimento matemático e o surgimento da escrita
numérica, não só contribuiu para uma melhor adaptação do homem na sociedade,
mas favoreceu o raciocínio lógico, das capacidades de abstração, generalização,
previsão e projeção, aplicando os conceitos matemáticos na resolução de
problemas do dia- a- dia e ampliando outras áreas do conhecimento, pois por
possuir características próprias à matemática é utilizada em diversas áreas,
estudando as relações e metodologias próprias da pesquisa, mediante um processo
de conflitos entre o concreto e o abstrato, logo essa ciência matemática faz
parte da vida de todas as pessoas desde as experiências mais simples até as
mais complexas, garantindo a harmonia entre o desenvolvimento das capacidades
intelectuais e do senso comum, pois mesmo pessoas que nunca foram à escola são
capazes de desenvolver operações matemáticas em situações da vida
cotidiana.
1.2. A Matemática no Brasil
1.2.1. A Trajetória das Reformas e do
quadro atual do Ensino da Matemática.
No Brasil na década de 1960 e 1970 nasceu um movimento educacional em uma
política de modernização econômica, com o objetivo de adequar a matemática a
uma nova realidade, e melhor situá-la, como prática pedagógica. Houve uma
influência de um movimento que ficou conhecido como matemática moderna que para
os estudiosos da época essa ciência privilegiava o pensamento científico e
tecnológico.
Com o passar do tempo, a matemática passou por uma reforma pedagógica, com
o objetivo de aproximar a matemática escolar da matemática pura, com isso
surgiram problemas nos currículos matemáticos, pois estava fora do alcance dos
alunos, principalmente das séries iniciais do Ensino Fundamental, a preocupação
maior do ensino da matemática nesse período, era com abstrações, tais como,
decorar formas, resolver diversas operações, o estudo da matemática era voltado
para a teoria, esquecendo da prática, ou seja, a relação aluno-professor e o
aprendizado.
Em nosso país, o movimento da matemática moderna também teve grande
influência vinculada através dos livros didáticos, onde o foco principal do
ensino da matemática era a resolução de problemas. Muitas propostas foram
elaboradas visando melhorar o ensino dessa disciplina na educação brasileira.
Durante o período de 1980/1995. A importância de trabalhar a matemática de
forma lúdica, levando os alunos a compreenderem a matemática a partir de suas
próprias vivências, deixando de lado a tradicionalismo de outras épocas e
levando o aluno a compreendê-la a partir da socialização de experiências reais,
com liberdade, criatividade e autoconfiança.
1.3. A Matemática hoje: o método de
Alfabetização
A matemática é uma disciplina com características próprias, e quando se
fala em alfabetizar em matemática, é visto de forma estranha, principalmente,
quando se trata da educação infantil. Mas a criança desde cedo começa a
conviver com os números, apropria - se de formas de leitura do mundo onde
inclui a palavra escrita e o desenvolvimento da capacidade simbólica, ao
iniciar seu aprendizado com os números, mesmo antes de reconhecer-los as
crianças já fazem a contagem, ás vezes, sem uma seqüência correta, ou por
simples repetição, mesmo sem a verdadeira noção matemática, as crianças começam
a ter noção de tempo e espaço.
O conhecimento matemático inclui-se no conceito de alfabetização, em seu
sentido amplo, tornando um questionamento do conceito de conhecimento em
construção a partir de uma realidade, ao ponto de repensarmos o papel da
educação infantil no sistema educacional da sociedade moderna. A criança nesta
fase, constrói conceitos e transforma relações práticas e cotidianas em
relações afetivas e de aprendizado, deixando de ser uma simples receptora de
informações, atribuindo significados diversos as coisas e fatos através de suas
vivências e experiências. “Uma criança de 5 a 7 anos, por exemplo, senta-se para brincar
com seus carrinhos. De repente, naturalmente, começa a colocar seus carrinhos
em ordem, do menor para o maior...da esquerda para direita”( RONCA,1991, p.37).
A criança sem perceber faz uma classificação, a partir de objetos
concretos é isso que o ensino da matemática deve entender, o nível de
compreensão da criança obedece a uma lógica própria a cada etapa de
desenvolvimento, baseando-se em Piaget, onde a criança não é vista como um
adulto em miniatura, ela pensa diferente do adulto, na sala de aula é preciso
que o professor esteja atento à lógica da criança, estabelecendo desafios,
sendo mediador entre o conhecimento da criança e o conhecimento científico.
Piaget em suas teorias sobre o nascimento da inteligência e o
desenvolvimento mental, passa a ver a criança como um ser capaz de determinar
seu próprio caminho, e a realidade do mundo em que vive, ressalta ainda que
todas as crianças de culturas diferentes, atravessam as mesmas seqüências de
estágios, há diferenças apenas na
aquisição de conceitos específicos, quando a criança age no meio, movimenta-se
no espaço, manipulando objetos, observando com os olhos e os ouvidos ou pensado
a criança assimila seu desenvolvimento através das ações sejam elas físicas ou
mentais, construindo assim esquemas ou conhecimento que são caracterizados em:
conhecimento físico, conhecimento lógico matemático e o conhecimento social.
Cada conhecimento é construído a partir de ações, como apalpar, pegar, quebrar,
dobrar, deixar cair, apertar, esticar, sacudir, entre outros são tipos de
dissociar os objetos, a criança constrói os esquemas interagindo com o meio, o
mesmo acontece no conhecimento lógico matemático, estruturado na abstração
reflexiva que tem origem na coordenação das ações que a criança exerce sobre os
objetos. Nessa fase já é comum a
comparação dos objetos, sua diferença de tamanho, cor, seqüência, que para Piaget,
é apenas uma distinção entre o conhecimento físico e o conhecimento lógico
matemático, cabendo ao professor reconhecer a importância do papel dessas ações
na construção da inteligência, e do conhecimento infantil, que também é
influenciado pelo conhecimento social construído a partir da interação com
outras pessoas, o conhecimento exato só pode ser construído com base nas
experiências com objetos significativos, também conhecidos como lúdicos.
“Um conjunto de pesquisas voltadas mais para a sua
inteligência prática e para operações concertas, por meio das quais ela vai
elaborar suas classificações, noções de número e de espaço, de ordem e
quantidade, de movimento, de tempo e velocidade, permitiu evidências
considerados logicamente necessários a partir de um determinado nível mental,
são estranhos às estruturas intelectuais anteriores.” (RONCA,1991, p.40)
A inteligência da criança apresenta uma notável continuidade com
processos adquiridos, através de
associações, reflexos e o desenvolvimento da capacidade simbólica. A criança
começa a usar símbolos mentais, imagens ou palavras manipulando assim a
realidade e a capacidade de criar e combinar representações.
A valorização desses conceitos dentro da sala de aula é de fundamental
importância na relação do individuo com o meio em que vive, é comum alguns
professores não valorizarem o conhecimento que o aluno traz de casa, crianças
que manipulam bem os números em experiências diárias, vendendo balas, picolés,
e outros produtos, acostumados a calcular e a fazer contas com agilidade,
esquecem suas experiências no momento de fazer exercícios mecânicos.
O adulto, às vezes, esquece que
a matemática, como linguagem, é uma construção humana antiga e que o ambiente
propício para a criança aprender essa matéria deve ser estimulador, com objetos
manipuláveis, que chame a atenção da criança, e que possa ser construídos por
elas mesmas, artesanalmente ou de produtos recicláveis e que utilize jogos
dentro da sala de aula em grupos, contribuindo para um melhor aprendizado.
1.4. Os Jogos Tradicionais e a Infância
Para que possamos entender melhor a noção dos jogos tradicionais infantis
devemos situá-lo no contexto cultural, sendo preciso fazer uma trajetória na
história da infância das crianças brasileiras e entendermos as influências que
as diferentes épocas e culturas tiveram em nossa sociedade, como a Portuguesa,
que através das lendas das cucas, bichos-papões e bruxas, contadas pelas avós
portuguesas aos seus netos e pelas negras, conhecidas com Amas de sinhozinhos,
fazem parte da infância brasileira e penetram em seus jogos, assim como grande
parte dos jogos tradicionais popularizados no mundo inteiro, como o jogo de saquinhos,
amarelinha, bolas de gude, jogo de botão, pião e outros que chegaram ao Brasil por
intermédio dos portugueses.
Os jogos tradicionais infantis são formas especiais da cultura folclórica
é a produção espiritual do povo acumulada através de longo período de tempo e
foi introduzido como forma de brincadeira através de cantigas de roda, das
brincadeiras dos filhos de operários, dos senhores de engenho e dos índios,
trata-se de uma questão social, quando o jogo relaciona o ato de brincar com a
classe social, quem brinca é a criança rica, o menino filho de escravo, era
colocado a disposição do menino de engenho ou sinhorzinho, participando apenas,
como companheiros das brincadeiras, o menino branco ou sinhorzinho reproduzia a
relação do sistema de escravidão, usando o menino pobre como escravo, sendo utilizados
como cavalos, o leva pancadas, o criado, o amigo, se tornavam o próprio brinquedo dos meninos de engenho, pois para
esses meninos o melhor brinquedo era montar a cavalo, e serem livres como as
crianças filhas de escravos.
“O melhor brinquedo do menino de engenho era montar a
cavalo em carneiros mas, na falta destes, eles usavam os próprios moleques. Nas
brincadeiras, muitas vezes violentas, os moleques viravam bois de carro,
cavalos de montaria, burros de leiteiras, enfim, os meios de transporte da
época. (KISHIMOTO, 1993, p.33).
Os meninos de engenho viviam soltos, em companhia dos
moleques, fazendo as travessuras próprias da idade, montando em cavalos,
nadando nos rios, nas represas, comendo frutas e matando passarinhos, até
chegar o momento de introduzir um regime educativo, onde com aproximadamente,
aos sete anos os meninos já sofriam a pressão de transformar-se rapidamente em
um homem, eliminando a infância das famílias patriarcais. Vestidas de adultas e
obrigadas a se comportarem como tais, tornavam-se crianças tristes com
maturidade precoce, os jogos tradicionais infantis como pião e jogos de bola
passam a ser atribuídos a pessoas ignorantes e grosseiras. As famílias
brasileiras dos tempos de engenho tentam assemelhar ao estilo europeu e com a
idéia de endireitar as crianças que eram criadas soltas, e com a tentativa de
discipliná-las são colocadas na rigidez dos internatos, destruindo muito cedo a
expressão lúdica da criança.
Daí surge o interesse em analisar as origens étnicas
das brincadeiras infantis e compreender o significado dos jogos tradicionais
nesse contexto que envolve brancos, negros e índios, principalmente no período
do engenho de açúcar e nas regiões habitadas por escravos, sendo que as
brincadeiras de tribos indígenas diferenciam das outras culturas. Eles, já
treinados para imitar seus pais em suas atividades, e o que é visto com
brincadeira em outras culturas, para o índio pode ser visto como meio de
sobrevivência. A caça que para os meninos de engenho não passa de diversão,
para os índios é uma obrigação que eles aprendem ainda crianças, atividades
como manusear bem os objetos de sua tribo são ensinados desde muito cedo pelo
pai e pelo avô que confeccionam os objetos que serão utilizados pelas crianças
indígenas, que eram livres, não eram castigadas e nem reprimidas, seus encantos
e descobertas transformavam em traquinagens infantis, onde meninos e meninas
participam das atividades da tribo, aprendendo seus costumes desde pequenos com
o objetivo de ajudar nas tarefas diárias.
“As meninas mal falavam e já fiavam o algodão, o tucum, descascavam a mandioca, o aipim, o cará,
cozinhava, ajudava na roça, trazendo sua carguinha, levava o barro para a mamãe
oleira. Os Meninos já recebiam seus arcos e flechas, as mesmas ferramentas dos
adultos, apenas em tamanho menor, e, desde pequenos, treinavam em atividades
varonis, de caça e pesca. (KISHIMOTO,1993, p. 62).
A compreensão das brincadeiras depende do modo de vida de cada
agrupamento, o ser humano faz, refaz, inova, recupera, retoma o antigo e a
tradição, incorpora o velho no novo e transformam um com o poder do outro,
fazendo dos jogos infantis parte do patrimônio lúdico-cultural infantil,
traduzindo valores, costumes, formas de pensamento e ensinamentos, este
fundamental a vida e história de cada ser humano.
1.5. A importância dos jogos na
aprendizagem matemática das crianças no ensino fundamental.
As relações entre o jogo, a criança e educação tem merecido uma constante
atenção dos profissionais da área, a partir do momento que analisamos a criança
como um ser que brinca, vivenciando situações ricas e desafiadoras, encontrando
espaços para explorar e descobrir elementos da realidade que o cercam. A
utilização dos jogos como recursos pedagógicos tem sido um desafio, pois
iniciou nos jardins de infância, segundo a pedagogia de Froebel, a idéia de
jogo livre, nas brincadeiras cantadas e no jogo orientado. Aos poucos os jogos
foram sendo introduzidos no interior das instituições infantis, embora muitas
vezes criticados e classificados como jogos femininos, aqueles relacionados à
imitação de mãe e filha, de casinha e fazer comida, etc. Nesses jogos tinha a
ausência total do sexo masculino, que brincavam com carros, trens e automóveis,
que não tinham a participação do sexo feminino mesmo quando se tratava de
atividades com jogos motores como jogar bola e brincar na rua, essa discriminação
em relação aos comportamentos considerados adequados para o sexo incluía uma
diferenciação nos modos de brincar, levando a um questionamento freqüente até
nos dias atuais a respeito da utilização desses recursos no cotidiano escolar.
A introdução dos jogos na escola foi um processo demorado, visto que o
brincar não era entendido como forma de conhecimento, confirma KISHIMOTO,
quando afirma que “ a introdução dos jogos na escola primária não é bem vista”
(p.106). Alguns profissionais de educação da época defendiam a idéia de que os
pais não mandavam as crianças para a escola para brincar e sim para aprender a
ler, escrever, aprender os números, enfim, o jogo não era visto como um
instrumento de trabalho. Devido a esses pensamentos, a noção de jogo aplicado à
educação desenvolveu e penetrou muito tarde no âmbito escolar, e ainda é comum
nos dias atuais, muitos professores utilizarem os jogos apenas como lazer,
depois que terminam os chamados “trabalhos de aula”, esquecendo o foco
educativo e pedagógico proporcionado pelas atividades onde o jogo pode
estimular o desenvolvimento integral da criança e trabalhar conteúdos
curriculares.
“Na escola “não dá tempo para brincar”, justificam os
educadores. Por quê? Há evidentemente um programa de ensino a ser cumprido e,
objetivos a serem atingidos, para cada faixa etária. Com isso, o jogo fica
relegado ao pátio destinado a preencher intervalos de tempo entre aulas.
Entretanto, o jogo pode e deve fazer parte das atividades e curriculares,
sobretudo nos níveis pré-escolar e de 1º grau, e ter um tempo preestabelecido
durante o planejamento, na sala de aula”. (FRIEDMANN, 1996, p.15).
Novas teorias educacionais foram surgindo, baseadas
nos estudos de Piaget, Vigostsky, Montessori e outros que defendem a idéia de
que a criança realmente aprende brincando, principalmente as disciplinas onde
as crianças podem utilizar materiais manipulativos, como a matemática, que oferece
diferentes maneiras do professor trabalhar os conteúdos curriculares por meios
dos jogos, definindo as habilidades presentes nas brincadeiras. É importante
planejarem antes para que o jogo não seja aplicado sem nenhum fundamento,
fazendo com que a criança realmente aprenda e possibilitando o desenvolvimento
do raciocínio lógico, da criatividade e da capacidade de resolver problemas,
contribuindo assim para as crianças adquirirem autoconfiança.
“Prazer e alegria não
se dissociam jamais o “brincar” é incontestavelmente uma fonte desses dois
elementos. O jogo, o brinquedo e a brincadeira sempre estiveram presentes na
vida do homem, dos mais remotos tempos até os dias de hoje, nas mais variadas
manifestações ( bíblicas, filosóficas, educacionais).O jogo pressupõe uma
regra, o brinquedo e o objeto manipulável, brincadeira, nada mais é que o ato
de brincar com o brinquedo ou mesmo com o jogo. Jogar também é brincar com o
jogo.O jogo pode existir por meio do brinquedo, se os brincantes lhe impuserem
regras. Percebe-se, pois, que jogo,
brinquedo e brincadeira tem conceitos
distintos , todavia imbricados; é o
lúdico abarca todos eles.” (MIRANDA, 2001,p.13)
Quando as crianças aprendem através de atividades
lúdicas, elas produzem conhecimentos, nas experiências que são capazes de
proporcionar o envolvimento do individuo que brinca, demonstrando prazer em
aprender, agir, e enfrentar os desafios com segurança e confiança, conciliando
assim a alegria da brincadeira com a aprendizagem escolar. Por isso, é de
fundamental importância que o professor utilize os jogos na sala de aula,
estimulando os alunos para o desenvolvimento dos conteúdos trabalhados nos
currículos escolares, especialmente em matemática já que nesta disciplina são
notáveis os momentos de dificuldades, obstáculos e erros, onde exige do aluno
motivação, disciplina e vontade de aprender, não desistindo e sim persistindo e
encarando suas dificuldades.
As aulas de
matemática devem ser estimuladoras e preparar o aluno para enfrentar situações
que a sociedade exige, só a resolução de problemas já não é mais suficiente
nesse novo modelo de educação que envolve prática e teoria no contexto de
aprendizagem, e é isso que os jogos utilizados na sala de aula devem
proporcionar a criança, desafiá-la para que ela própria encontre os meios de resolver a situação
proposta, onde ganhar ou perder é apenas mais uma fase do amadurecimento.
É inevitável não associar o jogo com a competividade.
É preciso saber o momento certo, valorizar as relações, acentuar a colaboração
entre os participantes do grupo, cabe ao professor mediar essa interação
minimizando o caráter competitivo, mas não impedir que a criança se esforce
para ganhar. Com o tempo e com a utilização freqüente dos jogos as emoções irão
se equilibrando, transformando a derrota em algo provisório, um dia ganha, no
outro perde. Nessa perspectiva, as habilidades vão sendo descobertas. Os alunos
podem se destacar em jogos diferentes, em um jogo alguns conseguem se sair bem
em outros não, e com o tempo a vitória passa a ser partilhada. A partir dessa
concepção o jogo é ferramenta fundamental na metodologia do ensino da matemática
quando trabalhado de forma lúdica.
“O jogo não é somente um divertimento ou uma recreação.
Não é necessário provar que os jogos em grupo, é uma atividade natural e que
satisfazem á atividade humana; o que é necessário é justificar seu uso dentro
da sala de aula. As crianças muitas vezes aprendem mais por meio dos jogos em
grupo do que de lições e exercícios”. (FRIEDMANN,1996, p.35).
Os jogos constituem um conteúdo natural onde às crianças são motivadas a
cooperar para elaborar as regras, e a partir dessas regras criarem situações
novas e a agir de forma independente.
A atividade lúdica é, essencialmente, um grande laboratório em que
ocorrem experiências inteligentes e reflexivas e essas experiências produzem
conhecimento, os jogos são instrumentos para exercitar e estimular o agir -
pensar com lógica e critério com as experiências positivas as criança percebem
que aprender é uma atividade interessante e desafiadora.
A participação em jogos de grupos permite conquista cognitiva, emocional,
moral e social da criança, uma vez que a permite agir como produtoras do seu
próprio conhecimento, tomando decisões e resolvendo problemas, o que consiste
um estímulo para o desenvolvimento da competência matemática e dos princípios
éticos, partindo do princípio das crianças serem cidadãs, detentoras de
direitos e que constantemente agem no meio social em que estão inseridas. É
preciso levar em consideração que elas pertencem a uma classe social e são
parte de um grupo, e suas brincadeiras, costumes, valores e hábitos nos
sensibilizam para a necessidade de lhes garantir o direito às condições dignas
de vida, à brincadeira, ao conhecimento, ao afeto e as interações saudáveis.
“No jogo, a criança pode experimentar tanto nas
convenções estipuladas pela sociedade como as variações dessas convenções.
Assim, durante o jogo a criança pode escolher entre aceitar ou discordar de
certas convenções, promovendo seu desenvolvimento social. O jogo oferece,
muitas vezes, a possibilidade de aprender sobre solução de conflitos, negociação,
lealdade e estratégias, tanto de cooperação como de competição social.
(FRIEDMANN,1996, p.65)
Portanto, os adultos e os profissionais da educação devem restabelecer
com as crianças esses laços de caráter afetivo, ético, social e político,
considerando que a criança precisa de cuidado, da atenção, do acolhimento, da
alegria e da brincadeira, entender que está trabalhando com crianças, e não
simplesmente com estudantes, por isso a importância de valorizar o lúdico nos
processos de aprendizagem, como uma necessidade de favorecer a criança mais que
uma escola, uma vida digna, prazerosa e cheia de descobertas. “A Autonomia como
finalidade da educação é, num certo sentido, uma nova idéia que revolucionará a
educação”. (KAMII, 1990, p.124).
Dessa maneira, a utilização de jogos como meio educacional é um avanço
para a educação moderna, proporcionando às crianças, autonomia e
desenvolvimento da aprendizagem a partir de “vivências lúdicas”.
O LÚDICO NA SALA DE AULA
2.1. A Atividade lúdica na sala de aula: jogos
O sistema educacional busca cada vez mais métodos eficientes para
trabalhar em sala de aula e garantir a aprendizagem dos alunos, na disciplina matemática
não é diferente. A partir disso, supõe-se que trabalhar o lúdico no ensino da
matemática nos anos iniciais do ensino fundamental é uma estratégia que pode
trazer bons resultados, pois respeita as diferenças de ritmo de cada aluno.
Neste capítulo, será feito um estudo detalhado sobre a importância do
método lúdico no processo ensino-aprendizagem da matemática no 1° ano do ensino
fundamental, procurando conhecer a realidade educativa que a mesma está
inserida.
No Brasil, a inserção dos jogos na sala de aula aconteceu lentamente,
passando a ser questionada através dos Parâmetros Curriculares Nacionais de
Matemática (PCN´s, 1998), explica ainda que os jogos:
“Constituem
uma forma interessante de propor
problemas , pois permite que estes estejam apresentados de modo atrativo
e favorecem a criatividade na elaboração
de estratégias de resolução de problemas
e busca de soluções. Propiciam a simulação de situações problema que exigem
soluções imediatas, o que estimula o planejamento das ações”. (PCN, 1998, p.46).
É importante ressaltar que apesar dos PCN´s orientarem para a utilização
dos jogos no ensino da matemática, não orientam em relação de como eles devem
ser trabalhados “jogar por jogar” como
estratégia de preencher o tempo não trará nenhuma vantagem ao aluno. Os jogos
no ensino da matemática têm suas vantagens se o professor tiver objetivos
claros e planejar sua atividade antes de levar para sala de aula, a atividade
lúdica deve propiciar o “aprender brincando”, conciliando a alegria da brincadeira
com o processo ensino - aprendizagem e enriquecendo as relações entre, os
jogos, a criança e a educação.
2.2. O Campo de Pesquisa
A pesquisa foi realizada no 1° Ano do Ensino Fundamental na Escola
Municipal “X” de Almenara. A Escola atende alunos do 1° ao 2° ano, nos turnos,
vespertino e matutino, com aproximadamente 376 alunos, sendo que o 1° está
distribuído em 8 turmas: 04 no matutino e 04 no vespertino. A instituição
possui um espaço físico adequado para o ensino, com saneamento básico, iluminação,
biblioteca, etc. e dispõe de 09 salas de aulas, 04 banheiros, 01 sala de
secretaria e direção, 01 sala de supervisão que também funciona para o
atendimento aos pais, quando necessário.
A escolha dessa escola teve como objetivo apresentar as múltiplas
relações entre a atividade lúdica no ensino da matemática nos anos iniciais do
ensino fundamental, considerando a criança como um ser que brinca e demonstra
prazer em aprender e enfrentar desafios.
Em estágios e observações, nesta instituição, verificou-se que a
utilização de materiais lúdicos no ensino da matemática, ainda é pouco
utilizada pelos professores. Muitas escolas enfrentam estes mesmos problemas, e
questionam a falta destes materiais.
2.3. Coleta e Amostra de Dados
A pesquisa contou com a
colaboração de 16 alunos e 06 professoras do 1° ano do ensino fundamental, 02
Supervisoras que trabalham diretamente com o 1° e o 2° ano do ensino fundamental
da escola pesquisada.
Trabalhar o lúdico no ensino da matemática constitui-se uma abordagem
significativa, principalmente nos anos iniciais do ensino fundamental, nesse
período as crianças vivenciam situações ricas e desafiadoras desenvolvendo
habilidades cognitivas, emocionais e sociais.
A discussão sobre a importância dos jogos no ensino da matemática é
debatida nos dias atuais, questionando o fato da criança realmente aprender
matemática brincando, isso com a intervenção do professor, para que o jogo não
se torne um mero lazer ou passatempo, mas que propicie a compreensão de fatos e
conceitos matemáticos.
“O jogo é muito importante no desenvolvimento da
criança porque a liberta de situações difíceis. No jogo, as coisas não são o
que aparentam ser e, em situações imaginárias, a criança começa a agir
independentemente do que ela vê e começa a ser orientada pelo significado da
situação. (FRIEDMANN,1996,p.36)
Foram utilizados três questionários para a coleta de dados, sendo um para
as professoras com 10 questões, um para as supervisoras contendo 07 questões e
um para os alunos com 04 questões simples, pelo fato de serem alunos do 1º ano
do ensino fundamental.
O resultado do estudo realizado com os professores foi o seguinte, veja o
gráfico:
(Gráfico 01-Questão 01)
A maioria dos professores afirmaram que a escola “X” trabalha com materiais
lúdicos, no entanto não é isso que se pode constatar no decorrer da pesquisa.
(Gráfico 02 – Questão 02)
Observa-se que, quando questionados se há materiais lúdicos suficientes
para trabalhar com os alunos nas aulas de matemática, 33% dos professores
falaram que “sim”, o que coincide com os 33 % que disseram “não”. È importante
deixar claro que quando se fala de material lúdico, não se trata de qualquer
material, e sim de materiais que podem ser confeccionados pelos próprios
alunos, com produtos recicláveis ou sucatas, constituindo brinquedos
construídos, ou brinquedos comprados, estes objetos compõem o cenário de
ludicidade em sala de aula.
(Gráfico 03 – Questão 03)
Os professores quando
questionados a respeito da freqüência que eles utilizam materiais lúdicos em
sala de aula, 70 % afirmaram que semanalmente, o que não é verdade, pois foi
possível comprovar durante o estágio, que a matemática ainda é trabalhada de
forma tradicional.
(Gráfico 04 – Questão 09)
Os jogos são elementos fundamentais no ensino da matemática, permitindo a
criança vivenciar experiências de investigação e obstáculos. Nesse caso, o
professor deverá utilizar o jogo de maneira adequada para que o aluno elabore
estratégias capazes de resolver situações-problemas no seu cotidiano, sendo no
ambiente escolar ou não.
Quando os professores foram questionados a respeito da contribuição dos
jogos no desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social dos alunos, 85%
acreditam que é possível à criança desenvolver novos conhecimentos e em diversas
áreas. No livro, Brincar: Crescer e
Aprender, a contribuição do jogo nas diversas áreas do conhecimento é
comprovada. “O desenvolvimento dos conhecimentos é um processo espontâneo de
interação entre o sujeito e objeto.” (FRIEDMANN,1996, p.58).
(Gráfico 05 – Questão 10)
Os professores ao serem questionados quanto ao planejamento das
atividades lúdicas, disseram ser importante, o tempo, o espaço de brincar e as
ações físicas e mentais dos alunos. 70% confirmaram sim, o que não é verdade,
isso acontece apenas nas aulas de educação física.
As supervisoras pedagógicas também foram entrevistadas, fornecendo dados
fundamentais para a pesquisa, veja:
.
(Gráfico 06 –
Questão 01)
As supervisoras responderam que trabalham em parceria
com a equipe de professores, suas atividades e reuniões são planejadas,
coletivamente. Quando questionadas a respeito da freqüência que elas
desenvolvem oficinas matemáticas com os professores do 1° ano do ensino
fundamental, houve divergência na prática, porém o que se vê no gráfico é um
percentual diferente.
Quando questionadas da importância de se trabalhar a
matemática através de materiais lúdicos com a utilização de jogos as respostas
foram às mesmas. Ambas acham que é possível trabalhar conteúdos curriculares
matemáticos a partir de materiais lúdicos.
Para
finalizar, houve a entrevista com 16 alunos, do 1° ano do ensino fundamental,
escolhidos aleatoriamente, tratou-se de uma entrevista individual, fora da sala
de aula, as perguntas eram lidas e explicadas visando um melhor entendimento
por parte dos alunos.
Os alunos ao
serem questionados a respeito da utilização de jogos na sala de aula,
contradizem as respostas obtidas no gráfico 01, que 85% das professoras
disseram que trabalhavam a matemática de forma lúdica.
(Gráfico 07 – Questão 01)
Dos alunos
entrevistados 70% disseram que as professoras não utilizam jogos na sala de
aula.
(Gráfico 08 – Questão
02)
Ao analisar as respostas dos alunos percebe-se também
que eles não estão acostumados com os jogos na sala de aula, pois ao serem
questionados se as aulas ficam mais interessantes quando há a utilização de
jogos, 65% dos alunos disseram que não, ficando claro que eles não estão
acostumados com este tipo de aula, uma vez que toda criança gosta de brincar.
Outro questionamento importante é que, embora os alunos
conheçam certos tipos de jogos, isso não quer dizer que eles aprenderam na
escola, muitos respondiam as perguntas com relação aos jogos que eles
utilizavam em casa, mas quando era explicado que só era válido os jogos
utilizados na sala de aula, as respostas tiveram uma porcentagem pequena,
somente 35% dos alunos responderam que o quebra cabeça era o mais utilizado na
sala de aula.
Todos esses jogos estão relacionados ao ensino da
matemática e podem ser trabalhados corretamente dentro da sala de aula,
permitir conquista cognitiva, emocional, moral e social para a criança, uma vez
que poderão agir como produtoras de seu próprio conhecimento.
Tabela
referente aos jogos utilizados dentro da sala de aula:
Quais os tipos de jogos são mais
utilizados na sala de aula?
|
Quantidade de respostas dos alunos
|
Quebra cabeça
|
35% alunos
|
Amarelinha
|
25% alunos
|
Dominó
|
10% alunos
|
Bingo
|
5% alunos
|
Tabuleiro
|
10% alunos
|
Baralho
|
20% alunos
|
Pega Varetas
|
20% alunos
|
Jogo da memória
|
25% alunos
|
Jogo das
pedrinhas (saquinhos)
|
5% alunos
|
Tangran
|
0% alunos
|
Nenhum
|
5% alunos
|
Outros
|
5% alunos “jogo da velha”
|
(Tabela 01 –
Questão 03)
Kamii aborda situações
na escola que podem ser usadas pelos professores para “ensinar” os números
utilizando alguns jogos citados na tabela 01. Ao falar dos jogos de Baralho ela
afirma: “existem tantos jogos de baralho excelentes para o desenvolvimento do
pensamento lógico matemático e numérico que devo ser seletiva e oferecer apenas
três exemplos: “jogo da memória”, “batalha” e “cincos”.”(KAMII, 1990, p.90).
Esses jogos são ideais para trabalhar com os alunos dos anos iniciais do ensino
fundamental pela fácil adaptação com a idade e com o nível de conhecimento de
cada criança.
( Gráfico 09-
Questão 5 )
Percebe-se que 75% dos alunos dos anos iniciais gostam
das aulas de matemática, e 25% disseram não gostar, um número grande de
discordância, se tratando de alunos que estão iniciando sua trajetória escolar,
como confirma o Pró Letramento de Matemática:
“As experiências iniciais são muito importantes neste
longo processo, e cabe à escola ajudar na construção do pensamento matemático
da criança. Sua sala de aula deve ser um lugar especial, que dá boas – vindas à
matemática da criança, enriquecendo e sistematizando as experiências vividas
dentro e fora desse espaço.” (PRÓ LETRAMENTO, 2007, p. 7).
Situação parecida acontece quando questionado a
respeito das dificuldades em aprender matemática, 65% respondeu que não tem
dificuldades em aprender matemática, 35% tem dificuldades, um número
significativo e que precisa ser analisado. Para que os alunos consigam alcançar
as competências básicas indispensáveis nos anos iniciais do ensino fundamental
em Matemática é necessário que o professor valorize a autonomia das crianças e
os conhecimentos adquiridos fora e dentro da sala de aula “ao enfocar a
autonomia da criança, podemos animar o desenvolvimento das crianças com velhos
valores, tais como, o amor pelo estudo e auto-disciplina”. (KAMII, 1990,
p.124).
(Gráfico 10 – Questão 06)
Nessa perspectiva a pesquisa foi organizada em três
vertentes:
I. A metodologia utilizada em sala de aula – professor: mostrando como é
feito o planejamento das aulas, com que freqüência o lúdico é utilizado.
II. A articulação do processo lúdico em sala de aula – supervisor
pedagógico: o que a escola proporciona para capacitar os professores nesse novo
modelo de ensinar matemática.
III. A utilização de jogos em sala de aula – alunos: o que pensa os
alunos, como posiciona, que idéias eles têm sobre o lúdico em sala de aula, ele
conhece o assunto?
Ao identificar estas vertentes, foi possível traçar o
perfil da escola, que de maneira tímida, está caminhando para um trabalho
voltado para as novas propostas do ensino da matemática nos anos iniciais. A
introdução de jogos no 1° ano do ensino fundamental é uma ferramenta essencial,
os jogos têm a função de não somente brincar, mas extrair das atividades
subsídios necessários para garantir a construção de novos saberes matemáticos,
estes tão importantes quanto saber ler ou escrever. É proporcionar aos alunos
um novo jeito de ensinar e aprender. É gerir conhecimento e motivação no
ambiente de sala de aula, é apresentar o lúdico como um processo
didático-metodológico necessário ao ensino da matemática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entender como acontece o processo ensino aprendizagem da matemática nos
anos iniciais do ensino fundamental é um desafio que envolve professores,
diretores, comunidade escolar e os profissionais de educação que buscam
melhores condições para trabalhar essa disciplina na sala de aula. Assim, uma
das funções do educador, hoje, é cuidar para que a aprendizagem seja uma
conquista prazerosa. E, como ferramenta indispensável, pode utilizar o lúdico
nas mais diferentes situações no contexto da sala de aula.
Este trabalho possibilitou-nos perceber que a atividade lúdica no ensino
da matemática nos anos iniciais do ensino fundamental será enriquecedora a
partir das relações entre o professor/aluno e a aprendizagem escolar. O aluno,
como sujeito principal do processo educacional deve adquirir habilidades
necessárias para alcançar objetivos significantes no aprendizado dos conteúdos
curriculares. Ao professor desafiar e mudar o seu papel de apenas ser um
comunicador do conhecimento para o de observador, organizador, incentivador e
mediador da aprendizagem, através de uma aula criativa utilizando materiais
lúdicos que favoreçam as crianças vencer os obstáculos e o medo de aprender
matemática.
Nesse processo é fundamental repensar o papel do pedagogo nas escolas e
na sociedade em que vivemos. A ação deste profissional no ambiente escolar
possibilita uma reflexão no processo educacional de maneira democrática e
participativa.
Pesquisar a utilização do jogo como meio educacional, possibilitou o
envolvimento com atividades diretamente relacionadas à prática docente, o que
propiciou um contato direto com os professores, alunos e profissionais da
educação que analisa o jogo como uma possibilidade de transformação e construção
de novos saberes.
É importante que os pedagogos na sua função reflitam a importância de se
trabalhar com materiais lúdicos no ensino da matemática nos anos iniciais como
também a utilização de jogos na aprendizagem da matemática, considerando o fato
de que a criança realmente aprende os conteúdos curriculares matemáticos
brincando.
Resgatar o jogo no contexto educacional tornou-se objeto de pesquisa para
sociólogos, psicólogos e educadores, que quiserem entender a importância das
brincadeiras em nossas vidas.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Parâmetros
Curriculares Nacionais: Matemática. Secretaria de Educação Fundamental.
Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL, Pró-Letramento:
Matemática. Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC/SEF, 2007.
CARVALHO, Dione
Lucchesi de. Metodologia do Ensino da Matemática. 2. ed. São Paulo: Cortez,
1994.
FRAGA, Maria
Lucia. A matemática na escola primária: uma observação do cotidiano. São Paulo:
Epu, 1988.
FRIEDMANN,
Adriana. Brincar: Crescer e aprender: O resgate do jogo infantil. São Paulo:
Moderna, 1996.
KAMIL,
Constance. A criança e o número. 29ª. ed. Campinas, SP: Papirus ,2002.
KISMHIMOTO,
Tizuko Morchida. Jogos Infantis: O jogo, a criança e a educação. 8ª Petrópolis:
Vozes, 1993.
MIRANDA, Simão
de. Do fascínio do jogo á alegria do aprender nas séries iniciais. São Paulo:
Papirus, 2001.
RONCA, Paulo
Afonso Caruso; TERZI, Cleide do Amaral. A prova operatória: Contribuições da
psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Edesplan, 1991.